Ainda negligenciado em muitas escolas, o trabalho com o corpo e o movimento é fundamental para o desenvolvimento das crianças desde a Educação Infantil.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que define e regulariza a organização da educação brasileira com base nos princípios presentes na Constituição, determina em seu artigo 26, parágrafo 3º, que a educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica. Porém, muitas vezes, a disciplina é negligenciada em algumas instituições de ensino. No texto a seguir, vamos falar sobre a importância da Educação Física na Educação Infantil e como as escolas podem trabalhar a área de uma maneira mais produtiva para os alunos.
Antes de falarmos sobre a importância da Educação Física na primeira infância é importante relembrar como a disciplina foi tratada nas escolas brasileiras ao longo dos anos.
A primeira referência explícita à Educação Física em textos constitucionais federais incluindo a disciplina no currículo escolar como prática educativa obrigatória se deu em 1937, na elaboração da Constituição da época. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, foi determinado que a Educação Física seria obrigatória para o Ensino Primário (como era chamado o Ensino Fundamental na época) e para o Ensino Médio. A partir daí o esporte passou a ser o protagonista nas aulas da disciplina, em contraposição à ginástica tradicional que era a atividade mais comum até então.
Na década de 80, os anos iniciais do Ensino Fundamental e a Pré-Escola (antiga Educação Infantil) passaram a ser priorizados na Educação Física escolar, que até então estava focada nos anos finais do Ensino Fundamental. Nessa época, o enfoque passou a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno, tirando o papel da escola de promover esportes de alto rendimento. A partir daí novas tendências da Educação Física despontaram no cenário acadêmico e o aluno passou a ser visto como um ser humano integral, que necessita de conteúdos diversificados e pressupostos pedagógicos mais humanos e não apenas de exercícios e esportes voltados para o desenvolvimento físico.
Atualmente, a Educação Física é definida como o componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história.
Já imaginou um especialista em Língua Portuguesa à frente das aulas de Ciências? Ou aulas de Matemática programadas para um horário fora da jornada escolar, quando os alunos já foram embora para a casa? Esse cenário não seria aceito para essas áreas, mas, muitas vezes, é o que se vê quando falamos de Educação Física.
Apesar de ser considerada uma disciplina essencial na escola, a Educação Física ainda costuma ser tratada com descaso em muitas instituições de ensino. A área é vista como se fosse menos importante que os demais campos de conhecimento, por isso, é comum, por exemplo, que os professores escolhidos para ministrar as aulas sejam profissionais generalistas (que lecionam várias disciplinas) e não um docente especializado na área de Educação Física. O descaso é visto também na hora de programar a grade de horários. Não raro os horários das aulas de educação física são definidos em função de outras matérias, em momentos do dia desconfortáveis para os alunos ou mesmo quando eles já não estão mais na escola. Tudo isso acaba comprometendo o trabalho desenvolvido com as crianças.
Na Casa Fundamental, defendemos um trabalho mais robusto de desenvolvimento motor juntamente com o cognitivo. Por isso, todos os profissionais à frente das aulas de Corpo e Movimento são especialistas na área e as crianças contam com a oferta da disciplina na grade curricular desde o início da Educação Infantil, o que chamamos de Fase 1, compreendendo crianças de dois e três anos de idade. As turmas na Educação Infantil e Ensino Fundamental I têm duas aulas por semana. Para o Ensino Fundamental II são três aulas semanais. “Na Educação Infantil, inicia um trabalho com o esquema corporal, onde é necessário que a criança conheça seu corpo, seus membros e suas possibilidades de movimento. A partir do momento que ela estabelece uma relação com o seu corpo, outras áreas da motricidade vão sendo exploradas”, afirma a professora de Corpo e Movimento da Casa Fundamental, Meire Julieta.
Segundo Meire, crianças precisam explorar o mundo através de brincadeiras, objetos, usar a criatividade e imaginação. Por isso, as aulas devem oferecer estímulos variados para que isso ocorra. Nas aulas de Corpo e Movimento da Casa Fundamental isso acontece, pois, brincando, elas se divertem, conhecem novas possibilidades de jogos com o corpo e ainda aprimoram seus movimentos de maneira alegre e animada.
As aulas são baseadas nos elementos da motricidade e suas áreas: coordenação motora fina, coordenação motora global, equilíbrio, sistema corporal, percepção espacial e temporal, de acordo com a fase de aprendizado de cada faixa etária. Para a Educação Infantil, a ludicidade está sempre presente nas aulas. Por meio de histórias, brincadeiras e jogos, o movimento corporal torna-se presente. “Para que a intervenção motora tenha ainda mais qualidade, realizamos um trabalho em conjunto com as professoras regentes, como a observação no dia a dia da criança em sala e fora dela e relatos dos pais”, afirma a professora.
Os materiais utilizados nas aulas são diversos, desde bolas, bambolês, cones e cordas. Há, ainda, os materiais alternativos, como folhas de papel. “Com o simples amassar do papel, é possível trabalhar a força nas mãos da criança, a transposição de material de um local para o outro, o arremesso. Várias possibilidades são criadas para o aumento do repertório motor das crianças e para que se desenvolvam com saúde e qualidade de vida,” diz Meire.
Este trabalho de Corpo e Movimento contribui, também, para o aspecto social e cognitivo das crianças, a relação com o outro, o trabalho em grupo, o desenvolvimento do raciocínio e de estratégias. “É importante ressaltar que o desenvolvimento corporal é de extrema importância para as atividades de vida diária. Uma criança bem desenvolvida corporalmente, dentro dos aspectos da motricidade, conseguirá realizar com mais facilidade as atividades do seu dia a dia, como andar, correr, saltar, comer e se vestir sozinha, escrever, colorir e manter um controle da sua postura”, ressalta a professora da Casa Fundamental.
Ao longo do ano letivo, as crianças vão passando por avaliações motoras. Por exemplo, se ela chega na escola sem conseguir saltar com os dois pés, após um período de atividades para esse aprendizado ela possivelmente já irá conseguir realizar essa atividade. A avaliação motora acontece nas aulas de Corpo e Movimento através da observação e testes protocolados.
Para qualificar ainda mais esse trabalho realizado e a importância das aulas de Corpo e Movimento, a Casa Fundamental está construindo, em anexo a escola, um Centro Esportivo. Lá as crianças vão ganhar mais espaço para a prática motora e esportiva. Será construído uma quadra e teremos espaços para vivência de outras modalidades como ginásticas, danças, lutas e esportes de aventura. “Será um espaço para explorar o desenvolvimento corporal, aprimorar habilidades, aumentar o repertório motor e cognitivo, para que crianças e adolescentes façam da atividade física uma prática diária, que entendam a importância dela para a nossa vida”, diz Meire.
Agora que você já sabe a importância da Educação Física na primeira infância, acesse nosso site para conhecer mais sobre a proposta pedagógica da Casa Fundamental.
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