Atividade tradicional nas escolas ao redor do mundo, o dever de casa sempre causou polêmica. De um lado, os educadores defendem que as lições são instrumentos pedagógicos importantes para que as crianças desenvolvam o hábito do estudo e adquiram noções de responsabilidade e autonomia, além de estreitar os laços entre pais e filhos.
Do lado oposto, estão alguns pais e os próprios alunos, que consideram o volume de dever de casa exigido pelas escolas exagerado e alegam não ter tempo para desempenhar bem as atividades. E aí, um momento que deveria servir para estreitar as relações familiares pode acabar se tornando motivo de tensão em casa.
Neste artigo, vamos discutir a importância do dever de casa, de que forma a escola pode fazer uso desse recurso de modo mais eficaz e como fugir dos equívocos que podem fazer com que a tarefa se torne uma “vilã” no aprendizado dos alunos e uma dor de cabeça para os pais.
O exato surgimento das lições e seus propósitos ainda não são claros. Há relatos de que a exigência da realização de tarefas fora da escola surgiu na Itália, em 1905, quando o educador Roberto Nevilis começou a usar o dever de casa como forma punição aos alunos indisciplinados ou que apresentavam desempenho insatisfatório.
Outros atribuem a criação do “para casa” às escolas dos Estados Unidos nos anos 1930. Nessa época, a prática era uma alternativa para compensar o tempo que estudantes da zona rural passavam fora da escola devido à distância. De lá para cá, os objetivos das lições foram sendo modificados. Hoje em dia, os principais objetivos do dever de casa são:
Sendo assim, o dever de casa é, sem dúvida, uma atividade fundamental, porque pode e deve promover a interação das crianças com seus familiares. Além disso, é um importante instrumento de diálogo e de troca sobre as descobertas realizadas na escola.
Porém, é um equívoco relacionar o volume de tarefas com a qualidade do ensino proporcionado pela escola. Diz-se isso porque a quantidade de dever de casa não atesta aprendizagem. Repetição, ritmo e treino aprimoram técnicas. Uma tarefa de casa que apenas convide para a repetição pode levar apenas ao exercício sem investigação e análise crítica.
Entretanto, não é somente o volume exagerado de lições que pode comprometer a qualidade do aprendizado e fazer com que o dever de casa se torne um fardo para pais e alunos. O tipo da tarefa proposta também tem grande influência nessa questão. Atividades sem contextualização e que não convidam a criança a explorar, investigar, ampliar e divertir-se com o processo de descoberta, sem dúvida, são um problema. É muito importante que a qualidade das perguntas e das reflexões propostas convide a criança a ampliar suas perspectivas e a aprofundar as suas investigações.
O objetivo e o formato dos deveres de casa são os grandes diferenciais na forma de lidar com essa ferramenta pedagógica nas instituições de ensino tradicionais e nas chamadas Escolas do Presente, como a Casa Fundamental, que tem como princípio primeiro garantir a manifestação da essência humana.
A tarefa de casa das Escolas do Presente deve considerar não apenas as atividades de repetição daquilo que a criança aprendeu na escola (aliás, a criança não aprende apenas na escola). As atividades devem contemplar processos de novas descobertas, ampliar perspectivas, explorar novas reflexões. Além disso, no diálogo com os pais e responsáveis em casa, as crianças podem expandir suas perspectivas e aprender com eles, que são profissionais de áreas distintas, e ampliar pesquisas com o apoio de suas famílias e rede de amigos.
De acordo com Lígia Ribeiro, diretora acadêmica da Casa Fundamental, aprender pela experiência é tarefa séria para os educadores da escola. Ela explica que o dever de casa é resultante de um amplo processo de aprendizagem desenvolvido pela escola. “Processos de investigação são elaborados a fim de que as crianças sejam pesquisadoras, investigadoras nas diversas áreas de conhecimento. A construção de conhecimento ocorre em distintos espaços de aprendizagem: dentro e fora da escola, dentro e fora da sala de aula, em casa, na praça, nos espaços públicos”.
Na hora de elaborar uma lição de casa, há processos muito importantes que não podem ser abandonados. A repetição, o ritmo e o treino são ferramentas que devem ser consideradas e abordadas de forma consciente e cuidadosa. Em contrapartida, o excesso e a quantidade de atividades merecem atenção dos educadores, uma vez que podem gerar efeitos contrários.
Na Casa Fundamental, o dever de casa é entregue semanalmente aos alunos, que têm um prazo de quatro dias para a entrega. Os professores realizam um rodízio, assim, cada um tem a sua semana de solicitação de lição. As atividades têm formato diverso e contemplam pesquisas, investigações, experimentações e listas de exercícios em diversas áreas.
Para a diretora acadêmica da Casa Fundamental, a tarefa ideal é aquela que faça sentido para a vida da criança, que se relacione às investigações reais sobre fenômenos e problemas sociais. “Constatamos que as tarefas propostas para casa em nossa escola são ideais porque sempre retornam com mais indagações, com ampliações sobre as perguntas e investigações, com curiosidades e insights sobre as investigações que a criança e a turma realizam com seus professores”, avalia.
O rigor acadêmico, ou seja, os esforços da escola para estimular a dedicação dos alunos aos estudos é algo de que as Escolas do Presente não abrem mão, ainda que não sigam modelos tradicionais de ensino. Na Casa Fundamental, esse rigor já vem dando frutos. Prova disso foram os resultados obtidos pelos alunos da escola no Concurso Canguru de Matemática. Trata-se de uma competição anual, considerada a maior competição de Matemática do mundo, destinada a alunos do 3º ano do Ensino Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio.
Em 2022, cerca de metade dos alunos da Casa Fundamental que realizou as provas recebeu algum tipo de premiação, como medalhas de prata, de bronze e de honra ao mérito. Para Lígia Ribeiro, esse resultado positivo se deve ao esforço de alguns anos de trabalho com os alunos. “Nesse processo de entregar às crianças atividades que convidem à investigação, ao aprofundamento de perguntas, à ampliação de perspectivas e, também, ao treino, à repetição e ao ritmo, tanto as propostas da Base Nacional Comum curricular como o currículo próprio de nossos projetos são desenvolvidos de forma efetiva, porque preparam a criança para pensar criticamente sobre os fenômenos sociais e naturais, bem como para a execução de testes e avaliações externas”, avalia a diretora acadêmica.
Agora que você já conheceu os métodos utilizados pela Casa Fundamental para utilizar o dever de casa com seus alunos e os resultados alcançados, acesse nosso site e saiba mais sobre nossa proposta pedagógica.
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