Quais são as vantagens e as desvantagens do ensino em tempo integral?

24 de junho de 2022

Administrador Casa Fundamental

Quais são as vantagens e as desvantagens do ensino em tempo integral?

Confira tudo o que você precisa saber antes de optar ou não pela matrícula nesse modelo de educação

Quando se fala em alternativas para melhorar a qualidade de ensino, um dos caminhos apontados com maior frequência é o tempo integral. A ampliação da oferta de escolas com esse modelo é uma das metas do Plano Nacional de Educação, que determina que pelo menos 50% das instituições devem oferecer ensino em tempo integral até 2024. O objetivo é melhorar o desempenho de crianças e jovens. Mas, afinal, quais são as reais vantagens dessa modalidade de ensino e como ela funciona na prática? Neste artigo, apresentamos os prós e os contras da educação em tempo integral para ajudar você a se decidir sobre a matrícula nesse modelo de educação.

Ensino em tempo integral x contraturno escolar

Antes de conhecer as vantagens e as desvantagens do ensino em tempo integral, é importante entender o conceito e diferenciá-lo do contraturno escolar.

Tempo integral

Em geral, quando falamos de escolas em tempo integral, estamos nos referindo ao período que os estudantes passam, por dia, nas instituições. Esse tempo varia de 6,5 a 8 horas diárias nas escolas ao redor do mundo. No Brasil, o artigo 36 da Resolução do Conselho Nacional de Educação do Ministério da Educação considera como de período integral a jornada escolar que compreende, no mínimo, sete horas diárias.

Entretanto, o tempo de permanência na escola é somente um dos fatores que devem ser considerados. Uma educação em tempo integral de qualidade é sustentada por três pilares. Veja a seguir.

  • Tempo.
  • Espaço.
  • Currículo.

Por isso, apenas deixar os alunos mais tempo na escola não basta. É preciso qualificar esse tempo para criar mais possibilidade de desenvolvimento para os estudantes. Dessa forma, as escolas em tempo integral são organizadas de maneira diferente, o que compreende desde o número de aulas até a proposta pedagógica e a infraestrutura da instituição.

Contraturno

Já o contraturno é uma extensão da jornada escolar. Ou seja, trata-se de um período a mais de permanência da criança na escola, mas sem uma intencionalidade pedagógica clara. Nesse caso, durante um determinado período (manhã ou tarde), os alunos estudam disciplinas como português e matemática e a outra metade da jornada, no turno oposto, é de recreação, ou seja, apenas para passar o tempo do aluno e não deixá-lo com esse período livre. Assim, a criança permanece na escola o dia todo, muitas vezes sem realizar nenhuma atividade ou fazendo atividades pontuais, que não necessariamente compõem um currículo escolar estruturado.

Agora que você já conhece o conceito de educação em tempo integral e como ela costuma ser ofertada nas escolas do Brasil, confira as vantagens e as desvantagens desse modelo de ensino.

Vantagens do ensino em tempo integral

Diferentes tipos de aprendizado

Além do maior tempo no ambiente escolar, a educação em tempo integral proporciona aos alunos a possibilidade de aprender com um currículo diversificado e mais qualificado. Robótica, artes, música, projetos interdisciplinares e até atividades que evolvam circulação pela cidade. Tudo pensado para que crianças e adolescentes potencializem seu desenvolvimento cognitivo, seu repertório e suas competências socioemocionais.

Desenvolvimento de relações sociais

O maior período na escola também favorece o contato dos alunos com a comunidade escolar. Os laços de amizade com os colegas se estreitam e não se limitam aos estudantes da própria turma, já que há a possibilidade de realizar atividades com alunos de salas e anos diferentes.

Segurança para os pais

Uma grande preocupação dos pais e responsáveis que precisam trabalhar fora de casa é com relação a como as crianças ficarão durante o período de ausência deles. Dessa forma, o ensino em tempo integral traz uma grande tranquilidade, já que os pais podem cumprir seu expediente de trabalho despreocupados enquanto seus filhos realizam atividades educativas e de lazer em um ambiente seguro.

Desvantagens

Menos tempo com a família

Os meninos e meninas matriculados em instituições em tempo integral vão passar grande parte do dia na escola, o que, consequentemente, irá reduzir o período de convivência deles com seus familiares. Por isso, é importante se atentar para que o tempo em família seja de qualidade e que os pais e responsáveis acompanhem e estejam envolvidos com a rotina escolar das crianças e adolescentes.

Possibilidade de cansaço ou monotonia

Muito tempo disponível pode ser um problema se não for utilizado de forma adequada. Para oferecer um ensino em tempo integral de qualidade, é fundamental que a escola seja preparada e tenha um bom planejamento, caso contrário, pode resultar em alunos entediados, ociosos ou mesmo sobrecarregados. Por isso, momentos lúdicos de descanso e de lazer também devem ser levados em consideração na hora de organizar a grade curricular dos estudantes.

Ensino em tempo integral ao redor do mundo

É bem provável que a imagem que muitas pessoas têm em mente sobre escolas em tempo integral seja de instituições estrangeiras (principalmente dos EUA). As famosas escolas com armários, bastante retratadas em filmes e séries, aonde os alunos chegam pela manhã e só vão embora no meio da tarde. O período integral funciona como modelo de ensino nos países desenvolvidos e é considerado um método bem-sucedido. Um indicador dessa eficiência é o desempenho desses países em testes como o Pisa (em português: Programa Internacional de Avaliação de Alunos), rede mundial de avaliação de desempenho escolar coordenada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Um dos destaques do ranking do Pisa é a Finlândia. Com quase 100% das crianças matriculadas em escolas públicas, o país do norte da Europa é referência quando se fala em ensino de qualidade. O sistema educacional finlandês vem figurando nas primeiras posições do ranking, que é elaborado a cada três anos, desde sua primeira edição realizada em 2000.

A principal característica da educação finlandesa é a autonomia. Mesmo havendo um currículo básico comum a todas as escolas, as instituições são independentes e os professores finlandeses têm total liberdade para escolher a maneira de trabalhar com os alunos. Isso inclui, por exemplo, a escolha do material didático. A multidisciplinaridade é a marca das aulas, que têm participação ativa dos alunos e focam no desenvolvimento de habilidades socioemocionais e tecnológicas. O ciclo básico obrigatório lá é mais curto que o do Brasil, com duração de nove anos (aqui são 14 anos). Após concluírem o ciclo obrigatório, os finlandeses podem continuar estudando por mais três anos com foco acadêmico ou profissionalizante. A etapa seguinte é o ensino superior. Tudo isso resulta em uma taxa de evasão extremamente baixa e em zero repetência.

Before School e After School

Aqui na Casa Fundamental, trabalhamos com uma jornada de tempo estendido de oito horas diárias, das 9h às 17h. Consideramos que o período de quatro horas ou quatro horas e meia, presente na maioria das escolas do Brasil, é insuficiente para trabalhar um currículo ideal para as crianças no contexto de uma experiência educacional na contemporaneidade, conectado com a realidade do mundo. Já no período de oito horas, é possível trabalhar esse currículo com metodologias tradicionais orientado pela Base Nacional Comum Curricular (conhecido como instrucionista), mas também com linhas mais progressistas em metodologias ativas de aprendizado.

“Não classificamos a jornada antes e depois do horário regular como um período extra da manhã ou da tarde. Também não classificamos tempo regular ou estendido sendo um mais importante ou menos importante que o outro. Toda a experiência é construída nessas oito horas com o foco no desenvolvimento educacional, como ocorre nos currículos de outros países. Isso porque acreditamos nesse período de oito horas como um tempo ideal na educação”, explica a diretora de Inovação em Processos de Aprendizagem e cofundadora da Casa Fundamental, Maria Carolina Mariano.


E você, o que acha do ensino em tempo integral? Já conhecia o modelo?

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