Confira tudo o que você precisa saber antes de optar ou não pela matrícula nesse modelo de educação
Quando se fala em alternativas para melhorar a qualidade de ensino, um dos caminhos apontados com maior frequência é o tempo integral. A ampliação da oferta de escolas com esse modelo é uma das metas do Plano Nacional de Educação, que determina que pelo menos 50% das instituições devem oferecer ensino em tempo integral até 2024. O objetivo é melhorar o desempenho de crianças e jovens. Mas, afinal, quais são as reais vantagens dessa modalidade de ensino e como ela funciona na prática? Neste artigo, apresentamos os prós e os contras da educação em tempo integral para ajudar você a se decidir sobre a matrícula nesse modelo de educação.
Antes de conhecer as vantagens e as desvantagens do ensino em tempo integral, é importante entender o conceito e diferenciá-lo do contraturno escolar.
Em geral, quando falamos de escolas em tempo integral, estamos nos referindo ao período que os estudantes passam, por dia, nas instituições. Esse tempo varia de 6,5 a 8 horas diárias nas escolas ao redor do mundo. No Brasil, o artigo 36 da Resolução do Conselho Nacional de Educação do Ministério da Educação considera como de período integral a jornada escolar que compreende, no mínimo, sete horas diárias.
Entretanto, o tempo de permanência na escola é somente um dos fatores que devem ser considerados. Uma educação em tempo integral de qualidade é sustentada por três pilares. Veja a seguir.
Por isso, apenas deixar os alunos mais tempo na escola não basta. É preciso qualificar esse tempo para criar mais possibilidade de desenvolvimento para os estudantes. Dessa forma, as escolas em tempo integral são organizadas de maneira diferente, o que compreende desde o número de aulas até a proposta pedagógica e a infraestrutura da instituição.
Já o contraturno é uma extensão da jornada escolar. Ou seja, trata-se de um período a mais de permanência da criança na escola, mas sem uma intencionalidade pedagógica clara. Nesse caso, durante um determinado período (manhã ou tarde), os alunos estudam disciplinas como português e matemática e a outra metade da jornada, no turno oposto, é de recreação, ou seja, apenas para passar o tempo do aluno e não deixá-lo com esse período livre. Assim, a criança permanece na escola o dia todo, muitas vezes sem realizar nenhuma atividade ou fazendo atividades pontuais, que não necessariamente compõem um currículo escolar estruturado.
Agora que você já conhece o conceito de educação em tempo integral e como ela costuma ser ofertada nas escolas do Brasil, confira as vantagens e as desvantagens desse modelo de ensino.
Além do maior tempo no ambiente escolar, a educação em tempo integral proporciona aos alunos a possibilidade de aprender com um currículo diversificado e mais qualificado. Robótica, artes, música, projetos interdisciplinares e até atividades que evolvam circulação pela cidade. Tudo pensado para que crianças e adolescentes potencializem seu desenvolvimento cognitivo, seu repertório e suas competências socioemocionais.
O maior período na escola também favorece o contato dos alunos com a comunidade escolar. Os laços de amizade com os colegas se estreitam e não se limitam aos estudantes da própria turma, já que há a possibilidade de realizar atividades com alunos de salas e anos diferentes.
Uma grande preocupação dos pais e responsáveis que precisam trabalhar fora de casa é com relação a como as crianças ficarão durante o período de ausência deles. Dessa forma, o ensino em tempo integral traz uma grande tranquilidade, já que os pais podem cumprir seu expediente de trabalho despreocupados enquanto seus filhos realizam atividades educativas e de lazer em um ambiente seguro.
Os meninos e meninas matriculados em instituições em tempo integral vão passar grande parte do dia na escola, o que, consequentemente, irá reduzir o período de convivência deles com seus familiares. Por isso, é importante se atentar para que o tempo em família seja de qualidade e que os pais e responsáveis acompanhem e estejam envolvidos com a rotina escolar das crianças e adolescentes.
Muito tempo disponível pode ser um problema se não for utilizado de forma adequada. Para oferecer um ensino em tempo integral de qualidade, é fundamental que a escola seja preparada e tenha um bom planejamento, caso contrário, pode resultar em alunos entediados, ociosos ou mesmo sobrecarregados. Por isso, momentos lúdicos de descanso e de lazer também devem ser levados em consideração na hora de organizar a grade curricular dos estudantes.
É bem provável que a imagem que muitas pessoas têm em mente sobre escolas em tempo integral seja de instituições estrangeiras (principalmente dos EUA). As famosas escolas com armários, bastante retratadas em filmes e séries, aonde os alunos chegam pela manhã e só vão embora no meio da tarde. O período integral funciona como modelo de ensino nos países desenvolvidos e é considerado um método bem-sucedido. Um indicador dessa eficiência é o desempenho desses países em testes como o Pisa (em português: Programa Internacional de Avaliação de Alunos), rede mundial de avaliação de desempenho escolar coordenada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Um dos destaques do ranking do Pisa é a Finlândia. Com quase 100% das crianças matriculadas em escolas públicas, o país do norte da Europa é referência quando se fala em ensino de qualidade. O sistema educacional finlandês vem figurando nas primeiras posições do ranking, que é elaborado a cada três anos, desde sua primeira edição realizada em 2000.
A principal característica da educação finlandesa é a autonomia. Mesmo havendo um currículo básico comum a todas as escolas, as instituições são independentes e os professores finlandeses têm total liberdade para escolher a maneira de trabalhar com os alunos. Isso inclui, por exemplo, a escolha do material didático. A multidisciplinaridade é a marca das aulas, que têm participação ativa dos alunos e focam no desenvolvimento de habilidades socioemocionais e tecnológicas. O ciclo básico obrigatório lá é mais curto que o do Brasil, com duração de nove anos (aqui são 14 anos). Após concluírem o ciclo obrigatório, os finlandeses podem continuar estudando por mais três anos com foco acadêmico ou profissionalizante. A etapa seguinte é o ensino superior. Tudo isso resulta em uma taxa de evasão extremamente baixa e em zero repetência.
Aqui na Casa Fundamental, trabalhamos com uma jornada de tempo estendido de oito horas diárias, das 9h às 17h. Consideramos que o período de quatro horas ou quatro horas e meia, presente na maioria das escolas do Brasil, é insuficiente para trabalhar um currículo ideal para as crianças no contexto de uma experiência educacional na contemporaneidade, conectado com a realidade do mundo. Já no período de oito horas, é possível trabalhar esse currículo com metodologias tradicionais orientado pela Base Nacional Comum Curricular (conhecido como instrucionista), mas também com linhas mais progressistas em metodologias ativas de aprendizado.
“Não classificamos a jornada antes e depois do horário regular como um período extra da manhã ou da tarde. Também não classificamos tempo regular ou estendido sendo um mais importante ou menos importante que o outro. Toda a experiência é construída nessas oito horas com o foco no desenvolvimento educacional, como ocorre nos currículos de outros países. Isso porque acreditamos nesse período de oito horas como um tempo ideal na educação”, explica a diretora de Inovação em Processos de Aprendizagem e cofundadora da Casa Fundamental, Maria Carolina Mariano.
E você, o que acha do ensino em tempo integral? Já conhecia o modelo?
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